Foto: arquivo pessoal - Marina, o noivo Lucas e o pequeno Arthur no dia em que nasceu no HU

Até o final deste mês, o país intensifica ações voltadas ao aleitamento materno. No Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP) o estímulo à amamentação é permanente. A cada nascimento, mãe e filho são convidados a se conhecer melhor, a estabelecer laços e a garantir a saúde de ambos através da amamentação exclusiva.

A estudante Marina Schäfer, de 16 anos, teve o Arthur há pouco mais de 40 dias. Apressado, o pequeno resolveu chegar antes do tempo, com 35 semanas. Apesar da pouca idade, uma coisa era certeza na vida da jovem mãe: o desejo de amamentar. “Eu não tinha bico e ele não tinha força, não pegava. Por um instante achei que eu não ia conseguir”, conta ela, feliz com o ganho de peso do pequeno que já chega há quase um quilo, apenas com leite materno. “Se não fosse a equipe do hospital ir toda hora no quarto, ajudar a mim e meu noivo, eu não sei se teria conseguido”, comenta.

A avó de Arthur recorda não ter conseguido amamentar a filha Marina. “Na época eu não tive essa orientação que ela teve. Lembro que lá pelos 14 anos ela ainda me comentou que quando tivesse filhos também não poderia amamentar, porque assim como eu não tinha bico no seio”.

Para que outras Marinas possam contar histórias como essa e que muitos Arthurs tenham a mesma oportunidade, a equipe do HUSFP mantém vigilante o processo dos dez passos para o sucesso do aleitamento (veja abaixo quais são). É a única instituição de Pelotas e uma das 324, de um total de mais de oito mil, em todo o país com o selo de Hospital Amigo da Criança, conferido pelo Ministério da Saúde.

Ações no HU

Além do trabalho diário, este mês em especial, as informações sobre aleitamento materno rompem os corredores da maternidade e são estendidas aos diferentes públicos da instituição.

Em razão da pandemia do coronavírus, assim como em 2020, este ano as ações ficaram mais focadas às redes sociais do HUSFP e a palestras direcionadas a pequenos grupos de colaboradores. O intuito, explica a enfermeira responsável pelo aleitamento materno no hospital, Silvana Tuchtenhagen é que cada um possa ser um multiplicador e auxiliar nesse processo. A ideia segundo ela está alinhada com o tema da edição de 2021 do Agosto Dourado: “Proteja a amamentação: uma responsabilidade compartilhada.

Durante todo o mês estão sendo compartilhadas histórias bem sucedidas de amamentação nos stories do Instagram e Facebook do @husfpoficial, além de cards sobre os benefícios do leite materno.

O chamado Agosto Dourado marca a luta pelo incentivo à amamentação e a cor dourada está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno.

Iniciativa Hospital Amigo da Criança

Conforme o Ministério da Saúde (MS), bebês que nascem em Hospital Amigo da Criança têm menos chance de sofrer intervenções desnecessárias logo após o parto, como aspiração das vias aéreas, uso de oxigênio inalatório e uso de incubadora. O contato pele a pele com a mãe logo após o nascimento, a amamentação na primeira hora de vida, ainda na sala de parto, e o alojamento conjunto também ocorre com mais frequência em Hospitais Amigos da Criança do que em maternidades que não têm o título.

Ainda segundo o MS, nascer em Hospital Amigo da Criança também faz diferença nos indicadores de aleitamento materno. A duração média do aleitamento materno exclusivo (oferta apenas de leite materno para a criança até o sexto mês de vida) em crianças que nasceram nesses hospitais foi de 60,2 dias, contra 48,1 dias em crianças que não nasceram em Hospital Amigo da Criança. A pesquisa revelou ainda que nascer em hospitais com o título aumenta em 9% a chance de o recém-nascido ser amamentado na primeira hora de vida.

Desde 1992, o Ministério da Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) certificam na Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) instituições de saúde públicas e privadas que cumprem os Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno, o Cuidado Amigo da Mulher e uma série de outros requisitos que buscam a adequada atenção à saúde da criança e da mulher.

Dez passos para o sucesso do aleitamento

1 - ter uma Política de Aleitamento Materno, que seja rotineiramente transmitida a toda equipe de cuidados de saúde;

2 - capacitar toda a equipe de cuidados de saúde nas práticas necessárias para implementar esta política;

3 - informar todas as gestantes sobre os benefícios e o manejo do aleitamento materno;

4 - Ajudar as mães a iniciar o aleitamento materno na primeira meia hora após o nascimento; colocar os bebês em contato pele a pele com suas mães, imediatamente após o parto, por pelo menos uma hora e orientar a mãe a identificar se o bebê mostra sinais de que está querendo ser amamentado, oferecendo ajuda se necessário;

5 - mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação mesmo se vierem a ser separadas dos filhos;

6 - não oferecer a recém-nascidos bebida ou alimento que não seja o leite materno, a não ser que haja indicação médica e/ou de nutricionista;

7 - praticar o alojamento conjunto, permitir que mães e recém-nascidos permaneçam juntos 24 horas por dia;

8 - incentivar o aleitamento materno sob livre demanda;

9 - não oferecer bicos artificiais ou chupetas a recém-nascidos e lactentes; e

10 - promover a formação de grupos de apoio à amamentação e encaminhar as mães a esses grupos quando da alta da maternidade, conforme nova interpretação, e encaminhar as mães a grupos ou outros serviços de apoio à amamentação, após a alta.