A internação hospitalar pode ser um dos momentos mais difíceis da vida de uma pessoa. Entre os cuidados médicos para a retomada da saúde e a incerteza da cura, o doente muitas vezes precisa de outro acompanhamento: o psicológico. Esse é o papel desempenhado pelos estudantes da Psicologia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) junto aos pacientes do Hospital São Francisco de Paula (HUSFP). A atividade, além de ajudar na recuperação dos doentes internados, é a oportunidade dos universitários vivenciarem a futura prática profissional.
Grupos de cerca de 13 alunos, pelo período de um ano, realizam o estágio junto ao Serviço de Psicologia Hospitalar do HUSFP. Supervisionados pelas responsáveis pelo setor, as psicólogas Anelise Cesar Lopes Neves e Suélin Raatz Thiel, eles atendem casos pré-avaliados e que chegaram até ao Serviço por solicitação das equipes clínicas do hospital. Junto com médicos, assistentes sociais, nutricionistas, os estagiários participam de todas as discussões e ações para a recuperação do paciente. “O nosso foco é o momento. O aluno aprende a ajudar a pessoa internada a passar pelo adoecimento, ele desenvolve a escuta terapêutica”, afirma Anelise.
Dúvidas esclarecidas
Foi ouvindo os pacientes no dia-a-dia do hospital que o aluno Jeferson Nervis encontrou respostas para algumas dúvidas, como por exemplo a relação entre o adoecimento físico e o emocional. No início, ele diz, alguns resistem ao atendimento psicológico, mas depois encontram ambiente para falar de suas angústias e medos. “A experiência no hospital ajuda a esclarecer algumas questões da teoria e assim realizar uma abordagem em saúde de forma integral”, admite o universitário do 7° semestre.
Como chegam ao hospital
A professora, supervisora de Saúde Mental Coletiva, Sinara Grande de Oliveira, explica que os universitários já chegam ao estágio com os fundamentos da área em que irão atuar, por terem cursado a disciplina de Psicologia Hospitalar, além do contato prévio, oportunizado pela Católica, com profissionais. Já no hospital o aluno é acompanhado por duas supervisões: acadêmica e do profissional da instituição. “Isso é uma linha de trabalho da Católica, oferecer supervisores locais para dar suporte no momento da atuação, além do supervisor acadêmico”, frisa a professora.
A parceria entre a universidade e o hospital oportuniza, inclusive, experiências diferenciadas - como a possibilidade de acompanhamento de mães e bebês da gestação aos primeiros meses de vida, destaca Anelise, supervisora do estágio no hospital. “É visível a evolução dos alunos. Aqui eles podem colocar em prática toda a teoria que aprendem, além de ser uma experiência de vida”.
Do estágio ao mundo profissional
Ainda nos primeiros semestres o curso de Psicologia da Católica oferece estágios de observação e após o terceiro período passa a promover momentos práticos. “ É interessante ver como os alunos fazem trabalhos de conclusão de curso muito voltados para as práticas que realizaram, como dizem que é fundamental terem essas experiências para realizar as escolhas no futuro”, revela Sinara.
Foi no estágio que a psicóloga, Viviane Barbosa de Oliveira, escolheu a área hospitalar para atuar. Hoje trabalhando no Hospital de Morro Redondo ela recorda os desafios enfrentados nos plantões, a dificuldade em lidar com a “dor do próximo ao receber um diagnóstico inesperado ou ter uma perda”, mas principalmente as oportunidades de preparação para o mercado de trabalho. “ Meu estágio foi o que eu esperava e muito mais. Aprendi que o Psicólogo é o profissional capaz de somar na saúde mental de todos, sejam pacientes, familiares, colegas de outros setores”, afirma a egressa da Católica, formada em 2019.