Com a casa cheia, o Poder Legislativo realizou Audiência Pública, ontem a tarde, sobre a importância da doação de órgãos e tecidos, por iniciativa do vereador Eduardo Macluf, inserindo a Câmara na programação da Semana Nacional/Municipal de Doação.
Macluf iniciou sua manifestação, salientando que a Audiência “tem como objetivo somar o Legislativo aos segmentos representativos que estão inseridos na campanha de doação de órgãos e tecidos, cuja demanda é a revelação da busca pela vida”.
Entre numeroso público, a Audiência contou com a participação da representante da Secretaria Municipal de Saúde, Regina Maria Barcellos; da Associação Brasileira de Doação de Órgãos (ADOTE), Francisco de Assis; do Hemocentro, Guilherme Bergmann; do Banco de Olhos, Eliana da Luz; da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), Rita Nascimento; a representante da CIHDOTT do Hospital São Francisco de Paula, Aline Wienke; bem como, de forma especial, do ex-vereador, pediatra Élio Dornelles da Silveira.
ADOTE
Em nome da ADOTE, Francisco Assis, relatou a evolução, em números, das filas de espera e das doações no Brasil, a partir da Lei da Vida, promulgada em 1998.
Segundo informou, 67% dos transplantes no país são financiados pelo SUS; são realizados em média 20 por dia e a fila de espera tem acréscimo aproximado de dez casos diários.
Francisco de Assis informou que cada Estado tem uma Central de Transplantes, com equipes altamente qualificadas, credenciadas pelo Ministério da Saúde. Os órgãos e tecidos mais doados no Brasil são rins e córneas.
Para ilustrar, comentou que o dia 27 de setembro foi escolhido como data alusiva à doação de órgãos e tecidos, tendo por base São Cosme e Damião – irmãos gêmeos, médicos, que teriam realizado o primeiro transplante da história do século III, hoje, patronos dos médicos.
A estatística aponta que houve um aumento de 20% nos transplantes realizados no Brasil, comparando os primeiros semestres de 2008 e 2009. A lista de espera é de 60 mil pacientes. “Por isso é necessária uma mobilização cotidiana de conscientização”, reafirmou Assis.
Finalizando seu pronunciamento, reproduziu a gravação do músico nativista Joca Martins. Na letra, um chamamento para a doação, relevando-a como um ato de amor, de humanidade, de esperança, de caridade, compaixão e fé.
SAÚDE
Dando prosseguimento à Audiência, o vereador Eduardo Macluf passou a palavra à representante da Secretaria Municipal de Saúde, Regina Maria Barcellos.
Em nome do secretário Francisco Isaías, ausente por compromisso no gabinete do prefeito, Regina Maria enfatizou o apoio total da Secretaria à campanha de doação de órgãos e tecidos. Comentou que o secretário pretende formar um grupo de estudos da política de doação de órgãos adotada pelo Ministério de Saúde, para incrementar a mobilização em Pelotas.
HEMOCENTRO
O diretor do Hemocentro, Guilherme Bergamnn, atribuiu a iniciativa do vereador Eduardo Macluf, de promover a Audiência Pública, como “uma ação muito nobre”. Então, fez uma referência especial às reuniões que mantiveram em prol do aumento de amostras voluntárias para doção de medula óssea.“medula óssea e sangue são os carros-chefes do Hemocentro. Conseguimos 300% de acréscimos de amostras neste ano, chegando a 400/mês. A mesta é mil/mês.”
Macluf, lembrando das jornadas de trabalho que desenvolveu junto ao Hemocentro, com plena receptividade, destacou a importante colaboração do Exército que, através dos comandantes da 8ª BIMtz, general Geraldo Miotto e tenente-coronel Márcio Mello, apresentou as corporações como voluntarias à coleta de amostras.
CIHDOTT
A coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes, da Santa Casa de Misericórdia, enfermeira Rita Nascimento, referiu-se ao trabalho de abordagem que é feito às famílias que podem autorizar as doações.
Há duas possibilidades para doação. A primeira é quando é constatado óbito do coração. Neste caso, a família recebe, da CIHDOTT, a oferta da oportunidade da doação (só de córneas). A segunda é por morte encefálica, irreversível. Aí, a Comissão aborda a família, da mesma forma anterior. O benefício pode ser repassado a mais de dez receptores.
O trabalho da CIHDOTT encerra-se quando é feita a entrega do corpo reconstituído aos familiares. A união das CIHDOTTs é um grande instrumento de conscientização.
Rita Nascimento cumprimentou o vereador pela “proposta inteligente”, deixando claro que doadores existem; o que falta é a intenção de doar.
BANCO DE OLHOS
A representante do Banco de Olhos, Eliana da Luz, fez, através de projetor multimídia, apresentação das atividades do Banco, desde a captação até o transplante de córneas.
Eliana informou que, no primeiro semestre, foram realizados 242 transplantes de córneas no Rio Grande do Sul. “O procedimento é completamente legal; todo documentado, com termo de autorização e testemunhas”, frisou. O corpo é entregue aos familiares totalmente íntegro, sem marcas da remoção e da colocação da prótese.
Após pronunciamentos, o vereador colocou a palavra à disposição dos presentes. Foi estabelecido amplo debate.
Fonte: Diário da Manhã
Fotos: Câmara de Vereadores de Pelotas