Na manhã de hoje, a coordenadora da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), Enfermeira Kelly Laste Macagnan recebeu duas equipes para a retirada de órgãos para doação.

    O doador é do sexo masculino, 23 anos de idade. O registro de morte encefálica ocorreu no dia 3 de agosto às 18h, na Unidade de Terapia Intensiva do HUSFP. Cumpridos todos os protocolos, a família autorizou a doação.

     A equipe de Porto Alegre formada pelos médicos Juliano Martini e Fábio Santarosa, além da Enfermeira Gilmara Staudt, chegou a Pelotas na manhã de hoje para realizar a cirurgia de retirada dos rins e fígado. Uma equipe do INCOR (Instituto do Coração de São Paulo) formada pelos médicos Ronaldo Honorato e Shirlyne Gaspar, chegou logo após para realizar a retirada do coração que será destinado a um receptor que já se encontra aguardando.

     A coordenadora da CIHDOTT, Kelly Macagnan, destaca a agilidade que o processo exige de toda a equipe envolvida, considerando que o coração tem como prazo máximo de quatro a seis horas para ser retirado do doador e transplantado no receptor. Ela explica que os demais órgãos têm prazos diferenciados dentro do processo, porém toda a equipe envolvida tem que estar capacitada para realizar um trabalho integrado muito ágil com o objetivo de que todos os órgãos doados possam ser aproveitados.

    Um potencial doador pós-morte é o paciente que se encontra internado sob cuidados intensivos, decorrente de uma lesão cerebral severa que pode ser causada por traumatismo craniano, acidente vascular cerebral, neoplasias, entre outras causas de danos irreversíveis no encéfalo. 

    Para que o paciente se torne um potencial doador de órgãos é necessário que seja realizado o diagnóstico de Morte Encefálica, um processo rigoroso e determinado pela legislação brasileira, que torna obrigatória a realização de dois exames clínicos realizados por médicos diferentes com, no mínimo, seis horas de intervalo (um deles deve ser efetuado por um médico neurologista), além de um exame complementar de imagem que comprove a ausência de atividade cerebral. Somente após todas essas etapas cumpridas, está confirmado o diagnóstico de morte encefálica.

         No Brasil, ainda de acordo com a legislação atual, é a família quem decide e autoriza a doação de órgãos, por isso a importância de conversar sobre o assunto e comunicar o desejo de ser doador ou não, em vida.

        Após a realização da entrevista com os familiares, quando autorizada à doação, as equipes médicas fazem a retirada no centro cirúrgico do hospital onde se encontra o doador, respeitando todas as técnicas de assepsia e preservação dos órgãos. Terminado o procedimento, os órgãos removidos são encaminhados aos hospitais nos quais se encontram os receptores, para procederem o transplante. Esta etapa, do destino dos órgãos removidos, é controlada pela Central Estadual de Transplantes e a CIHDOTT não toma conhecimento sobre os receptores.

      Um único doador pode salvar até oito vidas através da doação de córneas, rins, fígado, pulmões e coração.

      Atualmente a CIHDOTT do HUSFP realiza um trabalho contínuo, focado e permanente fornecendo orientações para a comunidade acadêmica e população em geral sobre assuntos relacionados à temática da doação de órgãos, tendo em vista que, no Brasil, de acordo com a legislação atual, é a família quem decide e autoriza a doação, por isso a importância do trabalho realizado pela CIHDOTT, bem como, da pessoa que deseja ser um doador, manifestar seu desejo para a sua família.

      É a primeira vez que um coração é captado para doação no HUSFP.

      A equipe da CIHDOTT enfatiza que esta realização é resultado de um trabalho sério elaborado por todos os profissionais que dedicaram o seu tempo e ações em favor de uma causa tão importante que é a doação de órgãos. Os familiares também desempenham um papel fundamental, pois é através de sua autorização por escrito que se consolida a doação, um ato de grande solidariedade ao próximo.