Uma súbita dor de cabeça, náuseas e a sensação de um zumbido muito forte levaram o gerente de gráfica Luiz Fernando Franke Matozo, 55 anos, ao Pronto Socorro de Pelotas no mês passado. Seguiu-se uma internação no Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP) para investigar o que havia ocorrido. O diagnóstico apontou schwannoma do nervo vestibular - tumor na cabeça. Se realizar a cirurgia com os limitados recursos existentes em Pelotas, estará sujeito a um alto risco de morte e refém de possivelmente um maior volume de sequelas. Para aumentar suas chances de viver - e minimizar os danos deixados pelo problema -, Luiz Fernando precisa ser operado com a ajuda de aparelhos que "mapeiam" o cérebro e auxiliam o médico a tomar decisões mais precisas na cirurgia. O problema é que os equipamentos não existem em Pelotas.
Além de entrar em lista de espera em Porto Alegre - e outros locais onde conseguir inserção - a família recorrerá à Justiça para buscar o aluguel dos equipamentos que permitam a ele ser operado. Enquanto isso, cada dia é uma vitória.
De grandes proporções e localizado em uma área nobre, o tronco cerebral, o tumor já está afetando o lado esquerdo do corpo de Luiz Fernando: face e língua dormentes e perda de audição do ouvido esquerdo. Como ele aparentemente parece estar saudável, engana-se quem pensa que o caso é simples. "Todo mundo olha para ele e pensa que ele está bem, que se pode ir levando, que dá para esperar. Mas não sabem o que tem dentro da cabeça dele e o que pode acontecer. O tempo de espera pode trazer outras consequências", conta a esposa, Marilen, 50 anos.
Em busca de investimento
Para Marilen, um município de referência como Pelotas não pode eximir-se de ter aparelhos qualificados. Os equipamentos necessários, além de servirem para casos como os de Luiz Fernando, podem contribuir também para situações de trauma, biópsia, outros tipos de tumores, atendimento bucomaxilofacial e a pacientes HIV. "Não penso só no meu marido, mas em toda a região. Se Deus quiser ele vai fazer a cirurgia antes, mas outras pessoas precisam. Enquanto não é com a gente, dificilmente pensamos no assunto, mas quando passamos por algo assim, muitas pessoas comentam conosco que já passaram por situações semelhantes", diz ela. "O que se gasta com aluguel já poderia ser investido para a compra", argumenta.
O médico Vinícius Guedes, chefe da Neurocirurgia do HUSFP, estima que o custo para o aluguel dos aparelhos gire em torno de R$ 50 mil. De acordo com o neurologista, são equipamentos já previstos na Tabela SUS - são parte da realidade de outros hospitais inclusive no interior do Estado. O aspirador ultrassônico, por exemplo, - que retira apenas o tumor, sem levar nenhuma estrutura cerebral - é usado desde a década de 1980. "Como são áreas muito delicadas, qualquer lesão pode ser irreversível. Os equipamentos levam uma imensa segurança para o procedimento e para o paciente", alega.
O setor de Neurocirurgia do HUSFP realiza aproximadamente 30 cirurgias por mês e atende, no mesmo período, 250 pacientes em nível ambulatorial. Equipamentos como microscópio, endoscópio - para atender casos de traumas, tumores e hidrocefalias, por exemplo -, ampliação de serviço endovascular - ligado a aneurismas cerebrais - e monitorização de pressão intracraniana estão entre os outros equipamentos necessários o HUSFP. "São equipamentos caros, mas que vão para a população. Qualquer pessoa pode bater a cabeça, fraturar o crânio e necessitar desse atendimento qualificado", alerta.
Nas mãos da população
Um passo em direção a essa melhoria pode ser conquistado na próxima semana. O Hospital Universitário tem um projeto para investimento em Neurocirurgia concorrendo no processo de Participação Popular e Cidadã, que definirá as prioridades para o orçamento estadual de 2015.
A votação será nos dias 02, 03 e 04 de junho, sendo nos dois primeiros dias on-line, neste link, e no dia 04, também em urnas que serão disponibilizadas em diversos locais da cidade: chafariz do Calçadão, Calçadão (rua Lobo da Costa), Hipermercado Big, Macro Atacado Krolow, Macro Atacado Treichel, Pronto Socorro de Pelotas, Pop Center, Shopping Pelotas, UCPel (Campus I e Campus da Saúde Dr. Franklin Olivé Leite) e HUSFP.
Cada pessoa só poderá votar em um item de cada área. O projeto do Hospital é o de número 05.
Fonte: Assessoria de Comunicação e Marketing/UCPEL