O projeto de extensão CARE – Cuidado, Afeto, Respeito e Empatia, vinculado à Universidade Católica de Pelotas (UCPel), atua na área da pediatria e vem transformando a experiência de internação de crianças no Hospital São Francisco, integrando orientação familiar, acolhimento emocional e educação em saúde. Idealizado pelo professor Marcos Razera e conduzido pelos estudantes de medicina Analu Gatto, Bianca Ortolan, Dennis Willian Tomaz Martins, Guilherme Potter, Luiza Saalfeld, Nicoly Lourenço, Rodrigo Fraga e Vitória Avila, a iniciativa tem como objetivo tornar o período hospitalar mais seguro e menos angustiante, incentivando a participação ativa de pacientes e familiares no cuidado e na recuperação.
O programa se destaca pela flexibilidade na organização das atividades, permitindo que os estudantes escolham os horários das visitas de acordo com sua disponibilidade. Durante as intervenções, eles realizam registros detalhados por meio de fotos e planilhas desenvolvidas por eles mesmos, sempre fundamentando suas orientações em evidências científicas e artigos especializados.
Nos últimos três meses, a iniciativa atendeu em média 57 crianças e 80 adultos por mês, totalizando 137 participantes mensais, oferecendo informações práticas que impactam diretamente na recuperação e na qualidade de vida dos pacientes. Entre os temas abordados estão prevenção de acidentes, higiene bucal, cuidados com dispositivos de asma e amamentação, sempre com atenção à tradução de conhecimento técnico para linguagem acessível.
“Muitos pais não sabiam que é mais seguro usar coletes em vez de boias circulares nas crianças, porque a boia pode subir e representar risco de afogamento. Quando realizamos o treinamento, percebemos que essa informação era desconhecida, mas saber disso pode fazer uma grande diferença na segurança das crianças”, relata Guilherme Potter.
O projeto também trabalha a adaptação de informações médicas complexas, tornando-as compreensíveis para famílias e crianças. Para a aluna Luiza Saalfeld, uma das experiências mais significativas é justamente aprender a traduzir conteúdos científicos de forma que os pais compreendam e consigam aplicar os cuidados em casa.
O apoio à amamentação é outro eixo central da iniciativa. Muitas mães chegam carregando mitos e incertezas, e o programa atua fornecendo informações baseadas em evidências, reforçando práticas seguras e adequadas ao desenvolvimento infantil. Para a aluna Bianca Ortolan, o trabalho com amamentação tem sido essencial para ajudar as mães a se sentirem mais confiantes e seguras no processo, beneficiando a saúde da criança e fortalecendo o vínculo familiar.
Para os estudantes, a participação é transformadora. Eles relatam que desenvolver habilidades de comunicação, empatia e ensino, assim como perceber o impacto de suas ações no bem-estar das crianças, tem contribuído significativamente para sua formação acadêmica e futura atuação profissional.
O projeto demonstra que extensão universitária, humanização do cuidado e educação baseada em evidências podem caminhar juntas, ultrapassando os muros da universidade e chegando à vida da comunidade. A iniciativa não apenas aprimora a experiência hospitalar, mas também fortalece a formação de profissionais de saúde mais atentos às necessidades das crianças e de suas famílias, ampliando o impacto positivo para além do ambiente acadêmico.