As vésperas e celebrar 61 anos de serviços prestados para a comunidade de Pelotas e região, o Hospital Universitário São Francisco de Paula homenageia os colaboradores com trajetórias marcantes e duradouras. O projeto Quem Faz História No Chico prestigia os profissionais com 10, 20 e 30 anos de serviços prestados com pins de bronze, prata e ouro respectivamente. O evento ocorrerá ao final deste mês comemorativo, mas as homenagens já começaram.

Maria Regina Da Costa Oliveira ingressa no Hospital Universitário São Francisco de Paula, em fevereiro de 1999, aos 40 anos. No começo foi difícil aprender os procedimentos de trabalho na acolhida aos pacientes e seus familiares no setor de Internação. Porém em breve a rotina no período noturno tornou-se mais prazerosa. “Me dediquei muito para aprender tudo. Amo o setor onde trabalho todos estes anos. Gosto mesmo. Estamos na porta de entrada do hospital, recebendo os pacientes neste momento de internação que sempre é delicado. Me encontrei no acolhimento e nunca tive interesse de trabalhar em outro lugar”, revela a colaboradora que há 20 anos dedica-se a mesma tarefa com alegria e motivação. “Embora muitos não imaginem, todos os dias temos novos desafios, problemas diferentes para solucionar e isso sempre me motivou. Faço tudo que está ao meu alcance para descomplicar a vida das pessoas e ajudar. Sei que pode parecer pouco, mas naquele momento de internação muitas vezes os familiares estão atordoadas e tudo que não precisam é de mais problema. Sentir a gratidão das pessoas é o mais importante pra mim”, afirma.

A Recepcionista lembra que, além do processo burocrático, precisou desenvolver habilidades no atendimento. “Nunca tinha trabalhado com atendimento, mas essa tarefa acredito que tirei de letra, colocando sempre carinho e respeito nas minhas palavras. Minha experiência de vida me ajudou a tratar ricos e pobres igualmente, sempre com muita ética e responsabilidade”, afirma.

Regina recorda um momento triste que considera, porém, marcante. “Certa vez, em uma das minhas madrugadas de trabalho, atendi duas famílias que passavam por uma situação bem complicada. Briga entre vizinhos. Clima tenso, pesado. Os pacientes foram atendidos no Pronto Socorro de Pelotas e precisaram ser internados no hospital. Atendi as duas famílias com o mesmo carinho que atendo a todos. Depois de algumas horas uma das senhoras que acompanhava os pacientes voltou. Com um pacote de bolachinhas recheadas para me dar de presente. Aquela mãe estava me agradecendo por ter atendido todos da mesma forma, imparcial, mesmo quando todos diziam que o filho dela era um marginal. Me senti triste pela situação daquela mãe. Mas naquele dia pude reforçar a minha convicção de que todos devem ser tratados da mesma maneira. Para mim todos são pacientes, independente de mocinhos e bandidos. O acolhimento, carinho e comprometimento de toda equipe deve ser o mesmo porque todas as vidas importam”.

A colaboradora recorda com entusiasmo as mudanças que acompanhou ao longo de 20 anos na instituição. Lembra que atravessou momentos difíceis e presenciou o crescimento do HU. “Naquela época, as coisas eram muito diferentes, o hospital era muito menor. Não dá nem para comparar como crescemos em todos os aspectos. Dá muito orgulho ver a grandeza e a referência que somos hoje. Mas nesse caminho passamos por momentos muito difíceis e foi preciso muito amor para superar as dificuldades junto com a empresa. Gostar do meu trabalho foi muito importante nessa fase”, diz ao lembrar que dedicou-se ainda mais nos momentos de crise. “Sempre ajudei com muito carinho, desempenhando com muito zelo todas as tarefas que eram necessárias. Trabalhávamos em rotinas muitas vezes exaustivas e tinha um amor envolvido muito grande, não sei nem explicar. Viveria tudo outra vez”, garante.

Em duas décadas o HU cresceu e a vida da Regina também mudou e passou por momentos bons e outros nem tanto. “Tive muitos problemas pessoais, inclusive de saúde na família. Mas quando chegava para trabalhar fazia questão de manter o carinho e qualidade no atendimento aos pacientes. É fundamental aprender a separar as coisas porque graças ao hospital pude adquiri meu apartamento e todas as coisas que tenho hoje. Sou muito grata”, finaliza.