As conquistas dos filhos sempre são motivo de alegria. Qual é a mãe ou o pai que não se orgulha quando diz:  "Meu filho já fala!"? Porém, é importante saber que as primeiras palavras da criança são precedidas por, pelo menos, 12 meses de experiências auditivas. Desde o quinto mês de gestação o bebê já ouve os sons do corpo da mãe, sua voz e é através da audição e destas experiências ainda na barriga da mãe, que se inicia o desenvolvimento da linguagem. No entanto, qualquer perda na capacidade auditiva, mesmo que pequena, impede a criança de receber adequadamente as informações sonoras que são essenciais para que se dê este processo. O bebê que não ouve, não consegue contar isto a seus pais.

Para a médica especializada em otorrinolaringologia, Clarissa Delpizzo Castagno, que integra a equipe multidisciplinar responsável pela realização do Teste da Orelhinha na maternidade do HUSFP, para ajudar o seu bebê o primeiro passo é fazer o Teste da Orelhinha ou Triagem Auditiva Neonatal, recomendado atualmente para todos os recém-nascidos, mesmo para aqueles sem histórico de deficiência auditiva na família ou que não tiveram intercorrências na gestação e parto. Ela conta que os pais receberão folders explicativos sobre a necessidade desta avaliação, no próprio hospital. "A realização  deste exame  é importante para o bom desenvolvimento auditivo da criança, de linguagem e sociabilização" explica.

O Teste da Orelhinha é um procedimento que, segundo o médico pediatra Gil Nei Pinheiro, testa a audição das crianças de forma indolor, sem a necessidade de picadas ou de sangue do bebê. Além disso, o teste não tem contra-indicações e dura em torno de 10 minutos. Se o bebê não apresenta as respostas esperadas no Teste da Orelhinha, outros exames devem ser feitos e concluídos até os três meses de idade.

Para um desenvolvimento normal

Conforme uma das fonoaudiólogas responsáveis pela aplicação do teste no Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP) - que desde o inicio do ano já aplicou mais de 30 testes – Vanessa Ribeiro de Ávila, confirmada a existência da perda auditiva, a intervenção fonoaudiológica deve iniciar imediatamente. Para ela, a vantagem de realizar o teste da orelhinha no próprio hospital está no fato de que um número maior de bebês são atendidos. Ela explica que é importante que a população tome conhecimento da importância do teste. “Assim fica mais fácil diagnosticar a deficiência auditiva e proporcionar um tratamento adequado para o desenvolvimento normal da linguagem às crianças com alguma deficiência auditiva”, afirma.

Pesquisas recentes provam que a intervenção fonoaudiológica precoce, isto é, antes dos seis meses de idade,  proporciona à criança deficiente auditiva desenvolvimento de linguagem muito próximo ao da criança ouvinte. A intervenção tardia (após os seis meses de idade) acarreta prejuízos irreversíveis  ao desenvolvimento da criança. Além do atraso ou impossibilidade de falar, também as áreas emocional, social e cognitiva são afetadas.

No HUSFP, os atendimentos são realizados diariamente nos quartos dos bebês. Por enquanto, o teste está disponível apenas para os planos de saúde credenciados pelo Hospital como o do Bradesco, Cabergs, Caixa Econômica Federal, Cassi, Correios, Embaixador, Fusex, SAS Vonpar, Sas Renner, SAS Isam, Saúde Maior, Sener e Unimed, além de particulares.