Às vésperas do Carnaval, a escassez se repete. Os estoques do Hemocentro Regional de Pelotas (Hemopel) estão praticamente zerados. É urgente a presença de doadores de todos os tipos sanguíneos. A média, mínima, de 50 bolsas por dia está reduzida a menos de dez. Uma cena comum para esta época do ano, em que as férias levam os voluntários para longe. Um risco diante da demanda que tradicionalmente cresce, ao longo da festa popular, em que o consumo em excesso de bebida alcoólica muitas vezes leva a acidentes de trânsito e à violência.
“Nos meses de janeiro e fevereiro, bem como no inverno mais intenso, algumas vezes temos que tomar medidas como ligar para os doadores cadastrados para que possamos aumentar um pouco nosso estoque”, afirma a diretora do departamento de Captação, Eloíza Silva. É uma situação de alerta, que pode representar problemas a várias cidades da região.
Atualmente o Hemopel abastece a Beneficência Portuguesa, o Hospital-Universitário São Francisco de Paula (HUSFP/UCPel, o Pronto-Socorro de Pelotas (PSP), além de unidades em Arroio Grande, Herval, Jaguarão, Pedro Osório, Pinheiro Machado, Piratini e Santa Vitória do Palmar. “É muito importante também que as pessoas desses municípios façam doação de sangue, para que não haja o que está acontecendo agora, de baixa nos estoques”.
Exemplo de solidariedade
Para Osvaldo Veiga, 55, a maior satisfação que um doador pode ter é saber que está salvando outras vidas. “Comecei a doar há 20 anos por causa de problemas em minha família, de pessoas que precisavam. Desde então, sempre doo, no mínimo duas vezes ao ano”, conta. “Não existe satisfação maior do que saber que outras pessoas terão sua vida salva por nossa causa”.
Já para a estudante Janaína Souza, 22, doadora há dois, o ato de doar sangue é uma questão de dignidade e respeito com o próximo. “Se todas as pessoas aptas a doar viessem até o Hemocentro, a situação seria outra, no entanto as pessoas só dão valor quando realmente precisam”, disse. “A satisfação de poder salvar pessoas através de um ato simples e praticamente indolor é muito grande”, acrescentou Janaína.
Nos municípios vizinhos os interessados em doar podem contatar o Hemopel e agendar para que seja providenciado o transporte desses doadores em grupos de 12. O mesmo vale para Pelotas.
Conheça o procedimento
Quando uma pessoa procura o Hemocentro para efetuar a doação, ela precisará passar por cinco passos. No primeiro é feito o cadastro do interessado, após existe uma pré-triagem onde são medidos os sinais vitais. Na terceira fase o doador passa por uma triagem clínica, que nada mais é do que uma conversa com um profissional da área da saúde onde são avaliados os hábitos do doador e se ele foi exposto a algum fator que possa oferecer risco para quem receber o sangue. A quarta etapa, que dura em média cinco minutos, é quando ocorre a doação em si. Na quinta e última fase a pessoa recebe um lanche e suco para que haja a reidratação do organismo. Ao todo, o processo dura em média de 20 a 25 minutos, o que possibilita que pessoas com pouco tempo disponível também possam doar.
Os interessados, no entanto, devem obedecer a alguns critérios que permitem ou impedem a doação. São normas técnicas do Ministério da Saúde que tem como objetivo proteger o doador e fornecer a segurança necessária ao receptor do sangue.
O doador deve:
- Trazer documento oficial de identidade com foto (Identidade, Carteira de Trabalho, Certificado de Reservista, Carteira do Conselho Profissional ou Carteira Nacional de Habilitação)
- Estar bem de saúde
- Ter entre 18 e 65 anos
- Pesar mais de 50 quilos
- Não estar em jejum. Evitar apenas alimentos gordurosos nas quatro horas que antecedem a doação
Impedimentos temporários
- Febre
- Gripe ou resfriado
- Gravidez
- Puerpério: parto normal, 90 dias; cesariana, 180 dias
- Uso de alguns medicamentos
- Pessoas que adotaram comportamento de risco para Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs)
Impedimentos definitivos
- Hepatite após os dez anos de idade
- Evidência clínica ou laboratorial das seguintes doenças transmissíveis pelo sangue: Hepatites B e C, Aids (vírus HIV), doenças associadas aos vírus HTLV I e II e Doença de Chagas
- Uso de drogas ilícitas injetáveis
- Malária
Fonte: Diário Popular